BGS 2025 | Entre o brilho da Nintendo e o espaço crescente dos indies

A Brasil Game Show 2025 marcou sua 16ª edição em um novo endereço, e essa mudança foi sentida desde o primeiro passo no evento. O espaço, ainda que moderno, passou a impressão de ser menor, seja pelo novo layout, seja pela ausência de grandes estandes que costumavam dominar os corredores da feira. O resultado foi um evento que manteve sua essência, mas que também deixou no ar a sensação de que a BGS está em um ponto de virada e precisa decidir qual será o próximo passo.

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Nintendo segue firme, enquanto PlayStation e Xbox desaparecem da disputa

Entre as gigantes, quem mais brilhou, novamente, foi a Nintendo, com um estande grande, colorido e cheio de energia, mantendo a tradição de se conectar diretamente com o público. Havia áreas temáticas, torneios e ativações que reforçaram o comprometimento da empresa com o público brasileiro.

A PlayStation, por outro lado, fez uma aparição quase simbólica, com um pequeno espaço de fotos temático de Ghost of Yotei. Já a Xbox, que no passado chegou a ter uma das maiores presenças do evento, simplesmente não compareceu novamente este ano. A ausência também foi sentida entre as plataformas de criação de conteúdo: YouTube, Twitch e outras marcas influentes ficaram de fora mais uma vez, deixando o evento com menos rostos reconhecíveis e menos vitrines para criadores.

Jogos mobile também tem tomado conta do evento, com o maior estante sendo, sem dúvidas, de Brawl Starts com torneios e muita coisa acontecendo durante a BGS.

Uma BGS mais “marca” do que “lançamento”

Nos últimos anos, a BGS consolidou-se como um ponto de encontro essencial para marcas e comunidades, mas em 2025, a sensação é de que essa “vitrine de marketing” passou a se sobrepor à essência gamer. Faltaram grandes demos jogáveis de lançamentos futuros, algo que marcou presença em 2023, com Super Mario Bros. Wonder e Sonic Superstars, e em 2024, com Sonic x Shadow Generations e Super Mario Party Jamboree.

Este ano, nenhum título inédito de peso estava disponível para jogar. A feira se manteve movimentada, com filas e público entusiasmado, mas faltou aquele fator “wow” que sempre caracterizou os grandes momentos da BGS.

O protagonismo indie foi uma boa surpresa

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Se os grandes nomes recuaram, os indies avançaram. A área dedicada aos jogos independentes foi uma das mais movimentadas do evento, com corredores mais amplos e uma curadoria que permitiu que o público realmente conhecesse o que está sendo produzido no cenário nacional.

Jogos como Soundgrass, com sua atmosfera musical e visual minimalista, Capy Castaway, um survival colorido e encantador, e Eden’s Frontier, um RPG de fantasia com estética belíssima, chamaram a atenção e provaram que o Brasil vive um momento criativo e maduro no desenvolvimento de games. O espaço indie, que parecia maior (talvez pela ausência dos estandes tradicionais), foi um dos pontos altos da feira, e deixou claro que o futuro da BGS pode estar justamente nesse incentivo aos estúdios locais.

Kojima, o grande nome (e a falta de outros)

O nome mais comentado do evento foi, sem dúvida, Hideo Kojima. A presença do lendário criador de Metal Gear e Death Stranding atraiu filas e aplausos, reafirmando o poder que grandes personalidades têm de transformar a BGS em um evento memorável. No entanto, a sensação geral é de que faltaram outros nomes de peso.

Sem a presença de grandes executivos, produtores ou criadores além de Kojima, o evento careceu de variedade nos painéis e encontros. A BGS, que sempre teve o potencial de ser uma ponte entre o público e a indústria, parece ter perdido parte desse diálogo ao longo dos últimos anos.

Um evento que precisa se reinventar

A BGS 2025 segue como o maior evento de games da América Latina, com público fiel, energia contagiante e amor genuíno pelos jogos. Mas se quiser manter sua relevância no cenário global, é hora de se reinventar. O evento precisa recuperar o equilíbrio entre o espetáculo de marketing e o conteúdo gamer, com mais lançamentos, mais nomes internacionais e mais espaço para comunidades diversas, incluindo a LGBTQ+.

O público continua comparecendo, os estúdios nacionais continuam crescendo, e a paixão pelos games continua viva. Falta agora a BGS acreditar em si mesma e dar o próximo passo. A BGS 2025 foi, ao mesmo tempo, nostálgica e reflexiva. Um evento que mantém o coração no lugar certo, mas que precisa ajustar o compasso para não perder o ritmo. Entre o brilho da Nintendo, o vazio deixado pelos gigantes e o crescimento da cena indie, fica o recado: o Brasil tem público, tem talento e tem vontade e cabe à BGS seguir à altura disso tudo.

Neto Verneque

Autor /

O corpo do Mario. A sociabilidade do Link. A fome do Kirby. E tão vencedor na vida quanto o Ash Ketchum.

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