Review | Bokura
Toda história tem dois lados. Duas pessoas. Dois caminhos. E duas visões de mundo. Bokura, da desenvolvedora tokoronyori e da publisher Kodansha Games Creator’s Lab, traz essa ideia de modo magistral. Lançado em 9 de agosto para Nintendo Switch e PC, via Steam, o jogo só é possível de se jogar em modo multiplayer cooperativo e cada um dos dois jogadores entra na pele de um dos dois meninos da história que entram em uma aventura sem igual para desvendar o mundo, fortalecer sua amizade e enfrentar as coisas da vida que mesmo sutis são apresentadas às crianças.
Bokura traz uma mecânica de gameplay muito interessante pois apresenta cada mundo na visão de cada jogador. Enquanto um jogador vê um mundo de animais antropomórficos e sorridentes o outro vê um mundo pós apocalíptico de máquinas errantes e juntos eles desbravam esse mundo. Cada jogador vê os elementos do mundo de maneira diferente e interagem com eles de maneira diferente e é necessário que se conversem entre si para resolver os puzzles e seguir em frente em sua jornada.
O que é só um bloco de metal para um jogador é uma plataforma de salto para outro. Enquanto um tem um caminho livre, o outro não consegue seguir por conta de um túnel de vento. E assim com cada um vendo o mundo a seu jeito e com as mecânicas a sua mão, devem se conversar para conseguir seguir em frente. Infelizmente no momento de teste desse jogo para o Nintendo Switch, o sistema interno de chat de voz não estava funcionando e foi necessário uma terceira plataforma para tal. Mas isso não tirou o brilho da experiência que foi jogar Bokura.
Com uma arte delicada em pixel art, dentro de um mundo inocente e infantil dos anos 90 em que crianças podiam sair brincar e trocar seus ‘Pakémon’ com seus amigos, os dois do título saem em uma jornada para uma aventura sem igual, sem perceberem na verdade que estavam tentando fugir dos problemas de suas famílias que começaram a ruim e eles começam a sentir. Pais separados, pais que brigam os fazem ir em busca de quebrar uma grande estátua que existe em sua cidade após uma floresta. E na floresta vão encontrar perigos reals (ou não) e uma outra família quebrada.
Com esse pano de fundo delicado que mexe com temas profundos, além de visões de mundo diferente e escolhas pelo caminho, Bokura se constrói. Com uma trilha sonora sutil que embala a viagem e uma delicadeza em apresentar cada puzzle e cada progressão de dificuldade. Por vezes o seu único guia é a voz, já que você deve esperar instruções do seu amigo para saber qual botão apertar e em qual determinado momento para que consigam passar para o próximo desafio.
Essa também é uma questão que pode afastar algumas pessoas do jogo, já que ele é necessariamente para ser jogado com dois jogadores. Mas se há alguma chance que você possa experimentar esse jogo com um amigo, o faça. É uma experiência realmente interessante, divertida e totalmente diferente. E infelizmente o jogo também não apresenta até então localização em português.
[Nota do Editor: Bokura foi analisado a partir da sua versão para Nintendo Switch. A cópia do jogo foi gentilmente cedida pela Stride PR para avaliação.]