Review | Pivot of Hearts

Desenvolvido pelo estúdio brasileiro Dragonroll Studio, Pivot of Hearts é uma visual novel que lança dia 21 de maio e se destaca não apenas pela sua proposta narrativa envolvente, mas também pela forma com que acolhe, representa e toca o coração de quem cresceu imerso na cultura geek e nerd brasileira.

A trama acompanha Wén Xiàn, um jovem desenvolvedor de jogos taiwanês-brasileiro, que após um período de isolamento, se reencontra com velhos amigos e se depara com novos sentimentos. Ambientado em uma São Paulo viva e cheia de detalhes, o jogo propõe uma jornada emocional que fala sobre amor, identidade, amadurecimento e reconexão com o outro.

Com quatro capítulos e cinco finais diferentes, a narrativa traz temas como diversidade corporal, questões de gênero, etnia, sexualidade e diferentes formas de se relacionar, abordando tudo com uma sensibilidade que foge do clichê. O elenco de personagens é carismático e muito bem construído, com destaque para os diálogos sinceros e naturais que refletem a realidade urbana e cultural do Brasil.

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O grande diferencial de Pivot of Hearts está na mecânica de escolhas baseada em cartas, inspirada em tarô e nos naipes do baralho: Espadas (lógica), Paus (impulso), Copas (emoção) e Ouros (persistência). Cada escolha que o jogador faz consome uma carta correspondente, e nem sempre estarão todas disponíveis. Isso adiciona uma camada estratégica rara ao gênero, onde o planejamento das interações se torna parte da narrativa.

Outro ponto que merece destaque é a ambientação. Pivot of Hearts é recheado de referências a animes, jogos, cultura pop e a uma vivência nerd que é, ao mesmo tempo, universal e profundamente brasileira. De cartazes na parede dos “Guerreiros do Horóscopo” a conversas sobre RPG de mesa e bandas fictícias de metal, tudo colabora para criar uma atmosfera acolhedora e nostálgica para quem viveu essas experiências.

A arte do jogo é charmosa e cheia de personalidade, com personagens expressivos, cenários urbanos detalhados e uma paleta de cores que varia conforme o humor e o momento da história. A trilha sonora, embora simples, complementa bem a experiência, ajudando a transmitir o clima de cada cena.

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Pivot of Hearts também é um exemplo de como a inclusão pode estar integrada à narrativa de forma orgânica. Os personagens possuem diferentes corpos, orientações sexuais, expressões de gênero e vivências, sem que isso seja o foco central de forma panfletária. Eles simplesmente existem, vivem e se relacionam como qualquer pessoa real.

Pivot of Hearts é uma verdadeira joia dentro do gênero visual novel, especialmente para quem cresceu cercado por cultura nerd no Brasil. Ele fala diretamente ao coração de quem encontra conforto em amizades profundas, noites de RPG e memes de anime, mas também deseja ver a diversidade da vida real retratada com respeito e afeto. Uma experiência sensível, nostálgica e potente que merece ser celebrada.

Pivot of Hearts
Veredito
Pivot of Hearts é uma visual novel sensível, bem escrita e cheia de identidade, que acerta em cheio ao representar com naturalidade a diversidade das relações humanas. Com uma ambientação rica em referências à cultura pop brasileira e uma mecânica de escolhas inspirada no tarô, o jogo se destaca como uma das experiências mais autênticas do cenário indie nacional. Um título feito por e para quem cresceu nerd, mas hoje vive as complexidades do mundo adulto. O coração pulsa forte do começo ao fim.
História/Conceito
100
Gameplay
90
Diversão
100
Design
90
Som/Trilha
80
Prós
Narrativa emocional, madura e inclusiva
Sistema de escolhas com cartas adiciona profundidade
Ambientação rica em referências geek e brasileiras
Personagens carismáticos e bem escritos
Representatividade natural e bem integrada
Contras
A trilha sonora, apesar de eficaz, é básica
Gênero nichado
92

[Nota do Editor: Pivot of Hearts foi analisado a partir da sua versão para PC via Steam. A cópia do jogo foi gentilmente cedida pela Games Branding para avaliação.]

Neto Verneque

Autor /

O corpo do Mario. A sociabilidade do Link. A fome do Kirby. E tão vencedor na vida quanto o Ash Ketchum.

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