Black Myth: Wukong e a polêmica da misoginia dos desenvolvedores

Desenvolvedora chinesa Game Science enfrenta críticas severas sobre misoginia em meio ao lançamento de seu título mais ambicioso.

Lançado em 20 de agosto, Black Myth: Wukong rapidamente se tornou um dos jogos mais falados globalmente, destacando-se por seu desenvolvimento ambicioso, seus trailers incríveis e sua rica narrativa baseada em Jornada para o Oeste. O jogo figurou entre o mais colocado em listas de desejos na Steam e em quantidade de jogadores simultâneos. No entanto, o sucesso do primeiro título AAA da Game Science também se vê envolto por uma série de polêmicas envolvendo acusações de sexismo e misoginia dentro do estúdio.

Desenvolvido com um orçamento superior a US$ 50 milhões, Black Myth: Wukong impressiona pela qualidade gráfica e jogabilidade inovadora. Recebeu aclamação instantânea por sua autenticidade e abordagem sofisticada, elevando as expectativas para jogos produzidos na China. Nas primeiras horas após seu lançamento, mais de 1,5 milhão de jogadores já estavam explorando o universo expansivo do jogo na Steam.

As controvérsias, no entanto, surgiram quando veio à tona que a Game Science tentou restringir a liberdade de expressão de streamers, proibindo discussões sobre ‘propaganda feminista’ e políticas de jogos na China. Em um formulário descoberto detalhando o e-mail inteiro na íntegra da equipe de marketing da Hero Games e da desenvolvedora/publicadora Game Science, muitos notaram o delineamento de várias coisas a “Não Fazer” – os “Dont’s” – específicos que você normalmente não encontra em NENHUM acordo. Especificamente dizendo aos criadores de conteúdo e streamers que eles não poderiam falar sobre “propaganda feminista” e “fetichização”, bem como usar as palavras “Quarentena” ou “COVID-19”, e foram proibidos de discutir a indústria de jogos chinesa.

Além disso, vários comentários e publicações antigos dos fundadores e colaboradores do estúdio refletem uma cultura de objetificação e depreciação das mulheres, incluindo postagens depreciativas e materiais de recrutamento com imagens e linguagem sexistas. Um dos comentários foi de um dos co-fundadores da desenvolvedora, Feng Ji, postado na plataforma Weibo logo após o vídeo pré-alfa de Black Myth: Wukong ser lançado em agosto de 2020.

Feng escreveu seus pensamentos sobre o vídeo se tornar viral, em grande parte sobre sua autocrítica sobre a qualidade de produção, mas isso foi acompanhado por várias linhas carregadas de insinuações. Na primeira linha, Feng escreveu: “Quero expandir meu círculo e contratar mais pessoas, ser lambido até não conseguir ter uma ereção“. Várias linhas abaixo, ele também acrescentou: “Eu sei, você só está um pouco deprimido. É uma honra para mim lhe proporcionar algum conforto na metade inferior do seu corpo“. Mais tarde, ele reforçou com um comentário separado, dizendo que “fiquei molhado depois de assistir algumas vezes… a pressão na minha virilha é imensa!

Mais recentemente, um artista técnico da Game Science, Daiwei, sugeriu em um post no Zhihu (o equivalente chinês do site de perguntas e respostas sociais Quora) que uma personagem feminina de Black Myth: Wukong — conhecida como espírito da cobra — pode ser masturbada “olhando mais para ela”. “Embora eu não esteja acostumado com o pescoço de cobra, ainda posso nutrir esse fetiche”, ele acrescenta. O comentário, que foi postado após o lançamento do trailer de Black Myth: Wukong na Gamescom em agosto de 2023, foi excluído desde então.

O lançamento de Black Myth: Wukong foi marcado por um debate acalorado sobre as práticas da Game Science. Enquanto alguns defendem a liberdade criativa do estúdio, muitos na comunidade global, especialmente jogadoras e profissionais da indústria, criticam a perpetuação de estereótipos e comportamentos misóginos. As discussões também destacam uma resistência crescente contra o sexismo no setor de tecnologia e jogos, particularmente em mercados internacionais onde tais comportamentos são cada vez menos tolerados.

Black Myth: Wukong representa um marco técnico e cultural para a indústria de jogos chinesa, mas também serve como um lembrete crítico dos desafios éticos e sociais enfrentados por estúdios emergentes no cenário global. Até terça-feira, dia 20 de agosto, uma hashtag chinesa traduzida como “Black Myth: Wukong insulta mulheres” foi visualizada nove milhões de vezes no Weibo. O sucesso do jogo poderá influenciar como futuras produções abordarão questões de gênero e representatividade, pressionando por um ambiente mais inclusivo e respeitador.

Fonte: Bleeding Cool, NY Times & IGN

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O corpo do Mario. A sociabilidade do Link. A fome do Kirby. E tão vencedor na vida quanto o Ash Ketchum.

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