Review | Cardcaptor Sakura: Chave de Memória

Eu preciso dar um contexto antes de falar sobre esse jogo. Sakura Cardcaptor foi meu desenho de criança. Amo Pokémon, Chaves, Corrida Maluca, Doug e tantos outros que foram famosos na era de ouro da televisão aberta infantil. Mas Sakura tem um cantinho muito quentinho no meu coração. Tanto que na época baixei emuladores e aprendi o mínimo que conseguia em japonês para poder jogar jogos lançados para o Game Boy do anime que saíram somente no Japão.

Desde então outros jogos para portáteis e consoles também foram lançados no Japão, mas sem o sucesso necessário para sequer serem adaptados em inglês, quem dirá chegar ao Brasil. E há algum tempo eu imagino o quão legal seria um jogo de mundo aberto ambientado no universo Cardcaptor. Mesmo não sendo – nem perto -da ambição que eu gostaria, temos agora um jogo chegando ao Brasil da colecionadora de cartas mágicas mais fofa do universo anime: Cardcaptor Sakura: Chave de Memória.

Infelizmente é um jogo mobile e digo isso com a maior dor no coração, pois traz muito das coisas ruim que podemos esperar de um jogo mobile. Recheado de mecânicas, gacha, UI confusa, localização porca e uma loja cheia de coisas para comprar com dinheiro que agilizam e melhoram sua jogatina. No entanto, Cardcaptor tem suas partes boas.

Há diversos modos que você vai liberando conforme evolui no jogo. Há um idle game em que você consegue bonecos chibi da Sakura e amigos para colocar nos cenários e juntarem moedas com o tempo. Há um modo história que você passa por momentos icônicos do manga e anime capturando cartas e lutando com outras e inimigos genéricos em um jogo simples de carregar poder e clicar nas cartas. Há um modo de decorar um quarto, um modo de construir looks para Sakura e vencer conseguindo pontos, há modos de tabuleiro, eventos específicos, jogo de memória, tudo embutido em uma experiência bastante turbulenta e cheia de opções.

Parece que os desenvolvedores não decidiram qual caminho seguir e decidiram seguir todos. A música, diferentemente, é um ponto alto, evocando a nostalgia que bate fundo no coração de quem cresceu assistindo ao desenho – que por sorte tivemos a chance de experimentar aqui no Brasil sem muitas alterações da experiência original do Japão. Os desenhos são lindíssimos e ver a Sakura em seus maravilhosos looks feitos pela Tomoyo também deixam o jogo um pouco mais ‘aguentável’. Mesmo que os erros de tradução e a mistura entre inglês, espanhol e português na localização em português também te tirem da experiência.

Cardcaptor Sakura: Chave de Memória é um jogo que, apesar de suas boas intenções, acaba sendo prejudicado pela sobrecarga de elementos típicos de jogos mobile, como mecânicas gacha, interfaces confusas e uma ênfase excessiva em microtransações. Para fãs nostálgicos, há momentos que aquecem o coração, especialmente com as músicas icônicas e os belos visuais que evocam a obra original. No entanto, a experiência como um todo é dispersa e caótica, como se os desenvolvedores tivessem tentado abarcar diversos estilos de jogo ao mesmo tempo, resultando em uma aventura que, embora cativante em alguns momentos, não tem o foco necessário para manter o jogador engajado.

Cardcaptor Sakura: Chave de Memória
Veredito
Cardcaptor Sakura: Chave de Memória traz de volta a adorável nostalgia da série de maneira visual e auditiva, com belas músicas e visuais encantadores. Porém, a falta de foco no gameplay e o excesso de elementos dispersos tornam a experiência frustrante. Para fãs da Sakura, há valor nos momentos nostálgicos, mas o jogo mobile se perde em mecânicas gacha e em uma sobrecarga de modos que acaba tirando o brilho da experiência.
História/Conceito
20
Gameplay
20
Diversão
45
Design
30
Som/Trilha
85
Prós
Nostalgia
Música bem trabalhada
Visuais evocam a beleza da série
Localização mal feita
Contras
Mecânicas gacha
Foco nas microtransações
Gameplay disperso
Interface confusa
Excesso de mecânicas mobile
Muitos modos
40

[Nota do Editor: Cardcaptor Sakura: Chave de Memória foi analisado a partir da sua versão para Android.]

Autor /

O corpo do Mario. A sociabilidade do Link. A fome do Kirby. E tão vencedor na vida quanto o Ash Ketchum.

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