Review | Dead Take

Dead Take, da Surgent Studios, é uma aventura em primeira pessoa que mergulha fundo na decadência, nos segredos e nas distorções de uma indústria que brilha apenas sob os holofotes. Por trás da mansão onde uma grande festa de lançamento ocorreu na noite anterior, agora reina o silêncio e o desconforto. É nesse ambiente que você, um ator em busca do amigo desaparecido, Vinny Monroe, deve encarar não apenas os fantasmas do lugar, mas também os da própria indústria cinematográfica.

Ao entrar na mansão, o jogador se depara com um cenário quase teatral: salas abandonadas, um cinema caseiro quebrado, fitas corrompidas e fragmentos de verdades escondidas que devem ser remontadas através da edição de vídeos e exploração. A narrativa é guiada por memórias partidas, gravações misteriosas e ecos de ambições destruídas. A atmosfera lembra uma mistura entre Immortality e Alan Wake, com uma estética que remete a sets de filmagem deteriorados e o glamour apodrecido de Hollywood.

Mas é o elenco que realmente transforma Dead Take em uma experiência inesquecível. Cada personagem carrega consigo a marca de outros universos, elevando os interrogatórios e reviravoltas a um nível de atuação quase teatral. Entre os nomes, destaque para:

  • Neil Newbon, que interpreta Chase Lowry. Ele já foi o vampiro insolente Astarion em Baldur’s Gate 3 e Karl Heisenberg em Resident Evil Village, papéis marcantes que demonstram sua versatilidade em personagens moralmente complexos.
  • Ben Starr, o desaparecido Vinny Monroe, ganhou notoriedade ao dar voz ao protagonista Clive Rosfield em Final Fantasy XVI, papel elogiado pela profundidade emocional que trouxe ao universo de Square Enix.
  • Jane Perry, como Lia Cane, também já interpreta figuras cultuadas no mundo dos games: ela é a agente Diana Burnwood da série Hitman e a protagonista Selene do jogo Returnal, papel que lhe rendeu um prêmio BAFTA.
  • Alanah Pearce, no papel de Victoria Case, emprestou sua voz ao Techie Lana Prince em Cyberpunk 2077, não apenas dubladora, mas também jornalista e criadora na cena de games.
  • Laura Bailey surge como a misteriosa Zara Good. É impossível não reconhecê-la como Abby de The Last of Us Part II, personagem que lhe rendeu o BAFTA de Melhor Performance, além de icônicas papéis em Gears of War e Uncharted.
  • Sam Lake, criador por trás da Remedy Entertainment, aparece como Frank Gardeu e já é mundialmente conhecido como modelo do personagem Alex Casey em Alan Wake 2, referência viva do gênero narrativo nos jogos modernos.
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As atuações são o ponto alto do jogo, trazendo realismo e profundidade a uma experiência que constantemente borra as linhas entre realidade e encenação. É impossível não se deixar envolver pelas performances intensas e, às vezes, perturbadoras. Eles dão realidade às cenas fragmentadas, transformando Dead Take em um drama interativo que arrepia tanto pela construção do mistério quanto pela entrega dos personagens.

Ainda que seja curto e apresente problemas técnicos, como quedas de performance e algumas travadas, Dead Take compensa suas falhas com uma ambientação inquietante, puzzles criativos e um mistério instigante que prende até o último “take”. O uso de câmera, edição e reconstrução de cenas é inovador e contribui para a sensação de estar, ao mesmo tempo, dentro de um filme e de um pesadelo.

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Dead Take não é um jogo de terror cheio de sustos fáceis: é um thriller existencial que desconstrói o showbiz dominado pela lábia, nepotismo e ambição selvagem. Seu maior trunfo são as atuações poderosas que dominam a narrativa, Neil Newbon e Ben Starr literalmente carregam o jogo nos ombros, enquanto o resto da equipe os espelha com brilho. O conceito do “FMV + splicing” confere um toque meta ao gênero, ideal para estreantes e fãs de mistério.

Se você busca tensão sutil e atuações encardidas com corpo e alma, Dead Take entrega. Mas não vá esperando sustos memoráveis, uma trama impecável ou fidelidade interminável. É uma experiência pessoal e condensada, coesa se absorvida de uma vez. Se isso não for veneno pra você, a surpresa dramática vale cada passo pelos corredores escuros da mansão de Duke Cain.

Veredito
Dead Take não é perfeito, mas é uma experiência marcante. Seu clima psicológico, atuações de peso e proposta narrativa ousada o tornam um daqueles jogos que, mesmo curtos, permanecem na memória. Prepare-se para sustos, confusão e descobertas, tudo embalado na carcaça decadente da fama.
História/Conceito
85
Gameplay
90
Diversão
95
Design
90
Som/Trilha
85
Prós
Atuação de elite
Puzzles inteligentes e imersivos
Atmosfera eficiente
Narrativa impactante
Contras
Otimização problematica
Alguns problemas de performance
É relativamente curto
89

[Nota do Editor: Dead Take foi analisado a partir da sua versão para PC via Steam. A cópia do jogo foi gentilmente cedida pela ICO Team para avaliação.]

Neto Verneque

Autor /

O corpo do Mario. A sociabilidade do Link. A fome do Kirby. E tão vencedor na vida quanto o Ash Ketchum.

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