Review | Marvel Cosmic Invasion
Existem jogos que você inicia já sentindo aquele cheiro de fliperama, mesmo que esteja no sofá da sala (ou deitado na sua cama). Marvel Cosmic Invasion, da publicadora Dotemu e o estúdio Tribute Games, é exatamente esse tipo de experiência: um beat ‘em up moderno com coração de 16 bits, que abraça a nostalgia sem vergonha nenhuma e, ao mesmo tempo, adiciona frescor suficiente para não parecer apenas um revival.
Particularmente, beat’em up não são os tipos de jogos que eu gosto ou procuro muito, mesmo com personagens famosos (o das tartarugas ninja por exemplo foi um que passou batido para mim, eu preferi muito mais o roguelike), mas Marvel Cosmic Invasion tem um tempero que da um sabor melhor ao conjunto da obra, é um jogo feito sob medida para quem cresceu esmagando botões, colecionando bonequinhos da Marvel ou sonhando acordado com crossovers impossíveis durante os desenhos de sábado de manhã.
Uma invasão, muitos heróis
A premissa é simples e funciona muito bem dentro do gênero. Uma nova ofensiva cósmica ameaça a galáxia, liderada pelo sempre megalomaníaco Annihilus e seus exércitos de criaturas da Zona Negativa. O caos se espalha por diferentes mundos e dimensões, e o planeta Terra não fica de fora, o que significa apenas uma coisa: é hora dos maiores heróis da Marvel se unirem para bater em alienígenas, vilões clássicos e até heróis controlados mentalmente.
Não é uma narrativa profunda, e nem pretende ser. Ela serve como combustível para viajar por locais icônicos, enfrentar rostos conhecidos e, principalmente, justificar o absurdo de colocar personagens tão diferentes dividindo o mesmo campo de batalha.
Mecânicas, modos e jogabilidade
A força de Marvel Cosmic Invasion está na jogabilidade. A base é um beat ‘em up tradicional, andar, bater, repetir, mas com várias camadas extras que transformam cada fase num pequeno espetáculo. Entre os 15 heróis disponíveis, todos têm suas próprias animações, golpes, cadências e estilos. Alguns voam, outros são monstros no corpo a corpo, alguns funcionam melhor à distância. Mais do que escolher apenas um favorito, o jogo incentiva testar todos.
O grande destaque, porém, é a possibilidade de selecionar dois personagens e alternar entre eles a qualquer momento. Essa troca instantânea cria um ritmo frenético, permitindo emendar combos, escapar de situações complicadas, completar especiais em dupla ou simplesmente variar o estilo no meio da briga. Para quem gosta de dominar sistemas, há muito espaço para criatividade.
Os modos também reforçam essa proposta. A campanha é direta e cheia de chefes, enquanto o modo Arcade oferece aquela experiência raiz, com vidas limitadas e zero progresso salvo. Para completar, existe um cofre com artes, paletas de cores, trilhas, desafios e colecionáveis que expandem a longevidade do jogo.
A jogabilidade funciona bem sozinho, mas brilha mesmo em coop, local ou online. Até quatro jogadores podem causar o caos juntos, o que transforma algumas fases em uma confusão divertida, daquelas que só um bom beat ‘em up consegue proporcionar.
Um dos trunfos do jogo é a possibilidade de você completar missões em fases, além de evoluir seus heróis, elevando o jogo do patamar de ‘apenas mais um beat’em up’ para realmente um jogo interessante com objetivos e que incentiva a jogatina, a experiência.
E aqui também mora uma das decepções, é um jogo tão interessante no modo de combate e nessas buscas de completar e melhorar que outros modos fazem falta para diversificar ainda mais as partidas casuais e momentos que você busca algo diferente. Tem também fases que passam rápido demais e uma repetição meio chata de inimigos. Fora isso o jogo sem dúvida tem seu espaço na biblioteca do gamer e ainda mais daquele que ama um beat’em up clássico de fliperama. E sim, é o jogo perfeito para o Switch.
Conclusão
Marvel Cosmic Invasion é exatamente o que promete: um beat ‘em up moderno, estiloso e cheio de energia, capaz de fazer qualquer fã da Marvel sorrir ao ver seus heróis favoritos em ação. Ele não reinventa o gênero, mas encontra maneiras inteligentes de deixá-lo mais dinâmico, especialmente graças ao sistema de troca de personagens, ao elenco enorme e bem trabalhado, e ao modo de evolução e objetivos. Mesmo com alguns repetecos e fases que acabam antes da hora, é difícil não se divertir.
Para quem gosta de pancadaria arcade, para quem vibra com pixel art de qualidade ou simplesmente para quem sente saudade dos velhos tempos de fliperama, Marvel Cosmic Invasion é um convite irresistível.
[Nota do Editor: Marvel Cosmic Invasion foi analisado a partir da sua versão para Nintendo Switch 2. A cópia do jogo foi gentilmente cedida pela Masamune para avaliação.]
























