LGBTERROR | Por que o gênero tem tanto apelo em grupos marginalizados?

A gente sabe o quando a gente ama jogos de simulação e fazenda para viver uma vida tranquila no campo, mas tem um outro gênero de jogos que também tem uma imensa comunidade LGBTQ+ entre seus fãs: o terror. Dead by Daylight, o jogo multiplayer assimétrico da Behaviour Interactive, é um grande exemplo, já que alem de ser jogado por muitos membros da comunidade LGBTQ+, abraçou seus fãs como nenhum outro jogo o fez. Sempre tem eventos exclusivos e inclusivos como o Into the Rainbow, além de ter David King, um personagem gay que teve sua história trabalhada junto com a organização GaymerX.

Abrangendo o âmbito do consumo para a criação, é notável a presença significativa de criadores de ícones do terror que fazem parte da comunidade LGBTQ+. Para dar alguns exemplos: Clive Barker foi responsável por trazer à vida Hellraiser e Candyman, Don Mancini foi a mente por trás de Chucky, e Kevin Williams, o criador de Ghostface da série de filmes Pânico. E Dead by Daylight traz muitos dos ícones de terror ao seu mundo de jogos, colocando consumidores desses conteúdos ainda mais próximos dessas criações e podendo ainda criar novas histórias com eles.

Em uma passada rápida pela Twitch, Facebook Gaming ou Youtube é fácil achar qualquer uma das letras da sigla LGBTQ+ jogando algum jogo de terror e, muitas vezes, Dead by Daylight. Samira Close, uma das maiores streamers gamers do Brasil – que já apareceu no The Game Awards -, é uma das que jogam com frequência o game e para citar outros nomes conhecidos na comunidade temos: Morgana Manson, Sabrinoca, Wanessa Wolf, Myerzinho, entre tantos outros.

E isso não é só no Brasil, fora do país tem muita gente da comunidade jogando. Trixie Mattel, uma famosa Drag Queen americana que participou do reality RuPaul’s Drag Race, também faz streams de jogos de terror, as vezes, e foi uma das convidadas do evento Into the Rainbow, em celebração ao Mês do Orgulho, de Dead by Daylight deste ano. Há um vídeo dela, datado de 3 anos, que encontra um jogador enquanto se preparava para entrar em uma partida do jogo assimétrico já cancelado Friday the 13th: The Game – baseado nos filmes de Sexta-Feira 13 -, em que é questionada por que há ‘tantos gays jogando jogos de terror.’

Eu acho que gays, eles apenas gostam de coisas assustadores. […] Eu acho que eles gostam de horror, por que os gays gostam da fantasia e do medo amplificado disso. Gays tem muita bagagem emocional e precisam de coisas assim para aliviar um pouco.” – respondeu Trixie. E isso é um ponto inicial para entendermos o porque do apelo que tem o terror para a comunidade.

Eevolicious (Membro da comunidade Fog Whisperer de Dead by Daylight), complementa a ideia ao afirmar em uma entrevista ao site Gayming Magazine que acredita que “comunidade queer também sempre gostou do “estranho e bizarro”, e eu entendo exatamente como isso se relaciona com o amor compartilhado pelo terror na comunidade, e é uma razão pela qual acabei amando Dead by Daylight tambem.

Sammyjay também é streamer e membro dos Fog Whisperer

Milady Confetti, outra streamer e membro dos Fog Whisperer, complementa afirmando o sucesso do jogo, eme que “muitas equipes de streaming LGBTQIA2+, cosplayers, artistas drag, podcasts e jogadores encontraram laços comunitários sobre o horror e encontrando segurança entre si em um mundo onde a queerness é alvo de muito ódio. Quanto mais nos conectamos uns com os outros, mais isso contribui e influencia a criação de conteúdo LGBTQIA2+ em torno de Dead by Daylight.

Matthieu Côté, diretor de Dead by Daylight, também já comentou sobre a relação do mundo queer com o jogo, em conversa com a BBC, afirmou que o apelo inicial surgiu ao acaso, mas que não é tão surpreendente assim já que “qualquer grupo que geralmente sofre bullying ou ostracismo ressoa muito, muito bem com horror. Ele se conecta com as pessoas de uma forma que eu acho que ação ou outros estilos simplesmente não conseguem.” E o mais importante foi a empresa abraçar a comunidade, com eventos, itens e muito suporte.

A relação queer com o terror sempre existiu, seja pela fácil identificação com personagens fora dos estereótipos heteronormativos existentes em outros gêneros de mídias da cultura pop, como filmes de comédia, romance, ou mesmo jogos de ação, por exemplo. Ou mesmo com a relação mais próxima e controlável com algo com que a comunidade vive diariamente: o medo.

Seja qual for a razão que te atrai para o terror, o importante é ver que há dentro dessa comunidade uma grande rede de apoio e pessoas com as quais se identificar e relacionar. E é muito bom ver as empresas apoiando e ajudando os nossos.

Fonte: BBC e Gayming Mag

Autor /

O corpo do Mario. A sociabilidade do Link. A fome do Kirby. E tão vencedor na vida quanto o Ash Ketchum.

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