Review | Unbox the Room
Após o sucesso de Unpacking, uma enxurrada de jogos de “desfazer as malas” e organizar ambientes começou a aparecer por aí. Pequenos simuladores isométricos de pixel art, simples e aconchegantes, que apostam na calmaria de arrumar espaços, empilhar objetos e colocar a vida em ordem.
Mas o que fez Unpacking se destacar nunca foi só a estética: foi a história. A progressão emocional contada por meio das mudanças da protagonista, as fases da vida refletidas em cada caixa aberta. Unbox the Room, da publisher e desenvolvedora Weird Penguin Games, tenta seguir essa trilha, e ainda que o faça com charme, acaba tropeçando na falta de profundidade narrativa.

Entre caixas, memórias e tarefas simples
Desenvolvido como um simulador de design de interiores relaxante, Unbox the Room coloca você no papel de um funcionário de uma empresa de mudanças que ajuda clientes a transformarem uma nova casa em lar. O jogo tem uma proposta simples e agradável: abrir caixas, organizar pertences e deixar o ambiente aconchegante.
Cada cliente revela pequenos traços de sua personalidade por meio dos objetos que carrega, uma caneca gasta, um brinquedo favorito, um par de pelúcias inseparáveis. É um toque humano discreto, mas que não chega a formar uma história envolvente. No fim, você aprende sobre os personagens apenas pelas suas coisas, e não pelas suas vivências.
Jogabilidade: intuitiva, calma e familiar
A mecânica é leve e direta: clique com o botão esquerdo para pegar itens, direito para girar, e encontre o lugar certo para tudo. Funciona bem, até certo ponto. A rotação limitada e a leve imprecisão na hora de empilhar e centralizar objetos podem incomodar quem é mais perfeccionista.
O modo principal traz pequenos objetivos em cada fase, como posicionar certos itens juntos ou manter coleções visíveis. É um ciclo simples, ideal para sessões curtas, perfeito para quem quer relaxar sem pensar demais.
Mas o verdadeiro destaque do jogo é o modo sandbox. Nele, todas as limitações somem e o jogador tem acesso a todos os móveis, paletas de cores e ambientes, podendo criar cômodos livres e personalizados. É aqui que Unbox the Room realmente brilha: um espaço criativo, relaxante e satisfatório para quem gosta de decorar e experimentar estilos.
Som e visuais que abraçam o jogador
O visual do jogo é claro, limpo e cheio de cores suaves. Cada ambiente transmite aquela sensação de tarde ensolarada, enquanto a trilha sonora acompanha o ritmo tranquilo com melodias leves e repetitivas, mas agradáveis. Há pequenos toques de personalidade, como o som reconfortante de objetos sendo colocados ou o coraçãozinho que aparece ao clicar em um gato. São detalhes simples, mas que deixam tudo mais acolhedor.
A sensação de déjà vu
O problema é que Unbox the Room não traz muito além disso. Ele segue uma fórmula que, embora ainda funcione, já começa a soar repetitiva dentro do gênero. Falta algo que prenda, seja uma história mais marcante, personagens mais carismáticos ou mecânicas que surpreendam. O jogo faz tudo certo, mas sem ousar.
É o tipo de título que cabe bem na biblioteca de quem ama jogos cozy e de organização, mas não vai marcar como Unpacking marcou. Ele entrega conforto, calma e um toque de criatividade, mas não deixa memórias.
[Nota do Editor: Unbox the Room foi analisado a partir da sua versão para PC via Steam. A cópia do jogo foi gentilmente cedida pela Keymailer para avaliação.]


























